Vinhos Rosé, conheça os principais métodos de produção e tipologias

Vinhos Rosé, conheça os principais métodos de produção e tipologias

[tempo de leitura: 5 minutos]

Descubra as origens, os diferentes processos e variantes do Vinho Rosé, que tem conquistado o palato de apreciadores e entusiastas, pela sua delicadeza e frescura.

Neste artigo, abordaremos 5 tópicos chave que o ajudarão a conhecer os principais critérios para harmonização, ajudando-o escolher o vinho Rosé mais adequado para si.


Contexto histórico

A tradição da diluição do vinho remonta à Grécia antiga, altura em que beber vinho no seu estado puro era considerado um ato não civilizado, em muito associado aos bárbaros.

Na altura, uvas brancas e tintas, eram pisadas juntas e fermentadas em ânforas, cuja porosidade promovia a evaporação parcial do líquido, resultando em vinhos mais tânicos.

Surge, desta forma, o “Vinum Clarum”, assim apelidado pelos Romanos, do qual derivam os atuais Rosés ou Rosados, que, com o passar do tempo e continuada experimentação passariam a ser produzidos apenas com uvas tintas, salvo Rosés da região de Champagne.

Efetivamente, durante séculos, apesar de familiarizados com Tintos e Brancos, ambos Gregos e Romanos, deram contínua preferência à suavidade dos Rosés, por oposição à robustez e tanicidade dos Tintos.

Em 600 AC, gregos da cidade de Foça (Foceiros), levam as vinhas e o estilo até Marselha, que adotaria a técnica de diluição da Grécia, praticando o mesmo processo, de mistura de uvas brancas e tintas.

Familiarizados com o estilo e percebendo o elevado potencial dos Rosés do sul da França, em particular, de Provença, os Romanos, tiraram partido das suas capacidades comerciais, para o promover em todo o mediterrâneo, obtendo sucesso tal que Florença continua a ser reconhecida, como o epicentro do Estilo Rosé.

Já em plena idade Média, rumores circulavam da existência de um vinho violeta, em Bordeaux, o famoso clarete, termo usado para descrever Tintos da região, caracterizados por combinar personalidade e vigor superiores a um vinho Rosé e tanicidade inferior à de um Tinto.

A legislação que vigorou até meados de 2009, proibiu, determinantemente, a prática de blending de vinho Tinto com Branco, na produção de claretes, passando a ser obtidos por meio de uma maceração prolongada.

Na altura, sob domínio inglês, Bordeaux vê o seu vinho exportado, tornando-se a
nova tendência, até meados do século XIX.

No decurso do mesmo século, os franceses começam a viajar para o sul da França, adquirindo o hábito de beber Rosé refrescante, após um longo dia de praia, assim instituindo o estilo como símbolo de glamour, prazer, frescura e verão, estatuto que mantém até aos dias de hoje.

 


 

O que é vinho Rosé?

Apesar de não constituir propriamente um mito, ao contrário das suas origens históricas e do que é perceção comum, os vinhos Rosé, não se reduzem à simples mistura de vinho Branco e Tinto, salvo se considerarmos o método de blending, pouco praticado, precisamente por não resultar em vinhos muito interessantes.

Regra geral, denominamos de Rosé, vinhos produzidos de uvas tintas, por meio de prensa direta ou sangria, combinando a experiência aromática de um vinho Branco com a textura e tanicidade de um Tinto leve.

Apesar do contacto do mosto com a película, constituir, efetivamente, uma característica determinante do método clássico de produção de vinhos Rosé, são cinco, no total, os métodos conhecidos, para obtenção de vinhos deste estilo.

 

Métodos de produção de vinhos Rosé

  • Prensagem direta: Processo, que visa a obtenção de vinho tão claro quanto possível, esmagando as uvas, no momento da chegada à adega, de forma a minimizar o contacto do mosto com a casca, à semelhança do que acontece na produção de vinhos Brancos, simultaneamente, evitando a oxidação e formação de paladares herbáceos.

    Considerando o curto tempo de exposição do mosto com a película, os Rosés produzidos, através deste método, tendem a ser relativamente mais claros.

 

  • Sangria/Saigné: Processo no qual o Rosé é um subproduto do vinho Tinto, extraindo-se entre 5 e 15% do mosto, após 6 a 48 horas de maceração, valor que sobe para um mínimo legal de 20%, no caso dos Rosés de apelação “Côtes des Provence”.

    O líquido resultante desta drenagem, é então fermentado, produzindo o Rosé.

    Tal como o nome indica, o processo pressupõe a sangria do depósito onde se encontram as uvas tintas, resultando no aumento da concentração da cor, taninos mais presentes, volume de álcool mais elevado e estrutura mais aproximada à de um vinho Tinto, assemelhando-se à proposta de um clarete Bordalense.

 

  • Maceração curta (curtimenta): Maceração implica a diluição das partes sólidas, de um fruto ou planta, em líquido, no caso das uvas, películas, grainhas e, ocasionalmente, engaços.

    No contexto vitivinícola, diz respeito ao intervalo de tempo, no decurso do qual se promove o contacto da película com o mosto, geralmente, de 6 a 24 horas.

    Em termos de metodologia, este é o processo que melhor define a essência de um vinho Rosé, ou seja, um meio termo entre a maceração prolongada de um vinho tinto (dias a semanas) e o limitado tempo de exposição do mosto com a película de um vinho branco, correspondente ao tempo de prensagem das uvas.

    Uma vez que a cor das uvas reside na sua película, o tempo de contacto, entre o mosto e a película, determina a intensidade da cor, pelo que a vantagem deste método passa por permitir um maior controlo sobre o resultado visual.

 

  • Mistura de uvas tintas e brancas: Processo menos utilizado, uma vez que oferece menos controlo sobre o produto final, pressupondo a mistura de uvas brancas e tintas, antes da fermentação.

 

  •  Blending ou Corte: Procedimento que pressupõe a mistura de vinho Branco e vinho Tinto já vinificados, após fermentação. Precisamente porque tende a não resultar em vinhos muito interessantes, constituiu prática proibida em Champagne, na Provença, até 2009, acabando por traduzir um processo mais arriscado e menos benéfico.


Existindo diferenças óbvias, entre os métodos acima descritos, os mais utilizados são a prensagem direta ou a sangria, resultantes da fermentação de uvas tintas.

 

Cor e grau de doçura

Dependendo do tipo de casta e do tempo de exposição do mosto à película (maceração), os vinhos Rosé podem assumir diferentes tonalidades, oscilando entre rosa salmão pálido e tons rubi ou alaranjados, de reduzida concentração.

Enquanto os Rosés mais claros, tendem a ser associados com o estilo Provença, os mais escuros e estruturados, são associados com o clarete, típico de Bordeaux.

Da mesma forma, que existem oscilações cromáticas nos vinhos Rosé, o mesmo acontece com o seu grau de doçura, podendo variar entre seco, suave ou doce, característica que pode, normalmente, ser associada com a componente visual:

  • Seco: De cor rosa pálido, enquadra-se na categoria de Rosé frutado e leve, apresentando estrutura simples e frescor, marcados por aromas citrinos e a frutos vermelhos.

    Os melhores exemplos provêm das regiões mais frescas, em particular, zonasmontanhosas, com altitudes superiores a 500 metros (Douro ou Beira Interior) ou de influência marítima (Lisboa ou Vinhos Verdes), como é o caso do Barrete Rosé, da 3 Rostos.

  • Suave: Normalmente, de cor rosa salmão, enquadra-se na categoria de Rosé frutado e de corpo médio, caracterizando-se por maior intensidade cromática e nariz rico, dominado por aromas de frutas maduras.

    Exemplos desta tipologia provêm de regiões de moderada influência marítima (Península de Setúbal e Algarve), ou de regiões mais quentes (Tejo e Alentejo), como é o caso do Pato frio Cashmere, da Ribafreixo wines

     

  • Doce: A sua coloração pode oscilar entre rosa salmão e ruby, enquadrando-se na categoria de Rosé frutado e doce. Com teor de açúcar residual, é tipicamente mais suave, resultando num vinho meio-seco ou meio-doce, marcado por notas de fruta madura.

    O açúcar residual pode resultar da interrupção do processo de fermentação ou da posterior adição de mosto não fermentado. Uma vez que a doçura provém de uma particularidade do processo, não se poderá falar em termos de influência regional, para esta tipologia, em particular.

    Um bom exemplo, será, o Pedra d’orca colheita Rosé, da Adega Cooperativa de Vila Nova de Tazem.



 

Como escolher?

Harmonização é a palavra-chave, na altura de escolher um vinho e os Rosés, não são exceção. Deverá, por essa razão, contemplar o tipo de alimentos com os quais pretende conciliar a sua escolha.

A intenção passa por procurar equilíbrio entre as nuances dos alimentos e do vinho, de forma que se complementem, enriquecendo a experiência sensorial.

Apesar de predominantemente conhecidos pelo seu baixo teor alcoólico, ligeira acidez e corpo leve, o vinho Rosé pode ser dividido em duas categorias, sendo particularmente importante estabelecer esta distinção, na altura de escolher um vinho, para efeitos de harmonização:

  • Leve: À semelhança dos vinhos Brancos, deve ser bebido fresco. Possuindo uma cor mais suave, situada entre o cereja e o salmão, constitui uma ótima escolha, para degustação simples ou acompanhar pratos de verão. Uma boa opção será o Herdade dos Templários, da Quinta do Cavalinho.

  • Encorpado: Mais estruturado e aromático, detém maior teor alcoólico, apresentando cores mais intensas. Um bom exemplo de um Rosé mais encorpado, será o Encosta do Vale Galego, da Adega M. Cordeiro.

 

Conciliando as fragrâncias e sumptuosidade da fruta, dos vinhos Brancos, com a textura e taninos dos Tintos, independentemente se falamos de um Rosé mais claro e com menos corpo, ou mais escuro e encorpado, nenhum estilo prova ser tão versátil, na altura de conciliar com alimentos.

O segredo passa por combinar pratos mais simples com os Rosés mais leves e refrescantes, e pratos com texturas e sabores mais complexos com Rosés mais
encorpados.

As combinações mais clássicas, normalmente associadas com rosés mais claros e delicados, passam por saladas e peixes mais gordurosos, como atum e salmão, sushi e outros pratos à base de frutos do mar.

Sobremesas também se incluem nas combinações mais clássicas, sendo recomendada a combinação com Rosés mais doces.

Contudo, no caso dos Rosés mais encorpados, com tendência a ser mais escuros e aromáticos, com taninos mais presentes, devem privilegiar-se carnes pouco gordurosas, como frango, peru ou mesmo um bife de vaca, sendo indicados para acompanhar pratos mais complexos e estruturados.

Na nossa loja online, pode conhecer uma cuidada seleção de vinhos Rosé, com aromas e sabores que combinam com as mais diversas ocasiões:

  • Herdade dos Templários 2021: é um Rosé de cor salmão com nuances de amora framboesa, complementadas por aromas de frutos silvestres e subtil folha de chá.

  • Arribas do Douro Colheita 2021: um Rosé fresco, elegante e gastronómico, de estrutura média, com uma acidez vibrante, indicado como aperitivo ou acompanhamento de pratos leves.

  • Encosta do Vale Galego 2021: Um Rosé de apelativa cor salmão, com aroma a fruta bem viva e jovem, paladar fresco e persistente, ideal para acompanhar pratos de peixe, marisco e carnes brancas.

 

Acreditamos que um destes vinhos será uma escolha popular, em diversas ocasiões da sua vida.

Se ainda ficou com alguma dúvida ou se gostava de receber uma sugestão personalizada da nossa equipa, fale connosco.




 

Fontes:
Grandes escolhas: https://grandesescolhas.com/maceracao/
Forbes Brasil; Carolina Centola; A origem dos Vinhos Rosé:
https://forbes.com.br/colunas/2021/03/carolina-schoof-centola-a-origem-dos-vinhos-roses/
Vinha.pt; Estilo vinho Rosé: https://www.vinha.pt/wikivinha/section/estilo-vinho/rose/
Velvet Bull; História e Características do Vinho Rosé: https://www.velvetbull.pt/historia-e-caracteristicas-do-vinho-rose
Vila Vinífera; Sabrina Trézze, Entenda os diversos estilos de Rosé e Clarete https://vila-vinifera.com/2018/05/30/entenda-os-diversos-estilos-de-rosados-rose-e-claret/
Vila Vinífera; Sabrina Trézze; Pratos para acompanhar um Rosé: https://vila-
vinifera.com/2016/06/09/5-pratos-para-acompanhar-um-vinho-rose/
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