Sabe o que distingue um Espumante de um Champagne?

Sabe o que distingue um Espumante de um Champagne?

Ajudamo-lo a fazer a escolha ideal, para o brinde de boas-vindas ao novo ano (e não só)!

[tempo de leitura: 6 minutos]


Confundidas, por muitos, como sinónimos, as designações Espumante e Champagne, descrevem duas bebidas relativamente distintas, apesar das semelhanças que partilham.

E se começarmos por dizer que um Champagne é sempre um Espumante, mas que um Espumante nem sempre é um Champagne!

Confuso? Explicamos-lhe tudo.

 

O que é um Espumante?

De forma muito simples, um Espumante é um vinho que passa por dois processos de fermentação.

Responsável por transformar o açúcar das uvas em álcool, por conseguinte designada de fermentação alcoólica, a primeira ocorre na produção de todo o tipo de vinhos, sejam eles tranquilos ou espumantes.

A segunda é, no entanto, responsável por desenvolver a deliciosa efervescência, típica dos Espumantes, distinguindo-os dos vinhos tranquilos.


O que é um Champagne?

Um Champagne é, para todos os efeitos, um vinho espumante, mas com alguns requisitos e características específicas, que lhe damos agora a conhecer.

 

   1. Local de Origem

Com origem e tradição estreitamente relacionadas com a ordem monástica beneditina, da abadia de Hautvillers, em particular, aos monges Dom Pérignon e Dom Ruinart, cujos nomes perduram nos rótulos das garrafas de duas das mais reputadas marcas do estilo, um Espumante só pode ser designado de Champagne, se for produzido, nada mais nada menos, que na homónima região de Champagne Ardenne, em França.

A apenas uma hora de Paris e a par da tradição local, na produção de vinhos espumantes, a beleza das suas vinhas, cultivadas como jardins, com incríveis caves esculpidas, nos solos calcários, contribuíram para a demarcação oficial, da região, em 1927.

Com o título de A.O.C. – Appellation d’Origine Contrôlée (ou seja, Denominação de Origem Controlada – D.O.C.), a produção e designação de Champagne, tem, assim, uma origem geográfica delimitada.

 

 

Curiosidade: Apesar de atribuída ao tesoureiro da abadia beneditina de Hautvillers Dom Pérignon, “De salubri potu dissertatio”, obra século XIV, de Don Francisco Scacchi di Fabriano, já mencionava espumante e espumantização.

 


  
2. Tipo de Uva (Castas)

Outra diferença entre o Espumante e o Champanhe é que, no caso do segundo, as uvas utilizadas têm de ser, exclusivamente, das castas Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier, os três tipos cultivados, na região demarcada que referimos anteriormente.

Já os Espumantes, podendo utilizar qualquer casta, acabam por oferecer maior diversidade.

Estabelecendo as principais distinções, é mais fácil de compreender a razão de um Champagne ser sempre um Espumante, mas nem todos os Espumantes serem Champagne, certo?

Porém, as diferenças não ficam por aqui.

 

   3. Concentração gás carbónico (Perlage)

Sim, o tamanho e a quantidade das “bolhinhas” também importa.

Espumantes de qualidade superior, apresentam bolha (gás carbónico) de pequeno diâmetro, mas em maior quantidade, quantidade essa diretamente relacionada com o método de fermentação e responsável pela sensação de frescor e cremosidade, no palato.

Para atingir concentrações características do Champagne, foram desenvolvidos três métodos principais de fermentação, para controlar a intensidade da perlage, termo que origina do francês - perle (pérola), usado para designar as bolhas.



 

Curiosidade: Certamente, deve estar a questionar-se, então, mas isto não se aplica também a um vinho frisante?

A pergunta faz todo o sentido, mas, apesar da concentração de dióxido de carbono, aproximar esta bebida dos Espumantes, o vinho frisante não passa pelas duas fases de fermentação, desenvolvendo uma concentração inferior de gás carbónico, no decurso da fermentação alcoólica, em tonéis fechados, que promovem a sua incorporação no líquido, razão pela qual não é considerado espumante.

Entre as variações mais conhecidas, destacam-se os Labruscos, da Itália, e o Vinho Verde, de Portugal.

 


  
4. Método de Produção

Outra grande diferença entre os Espumantes e o Champagne é que este último tem de seguir, obrigatoriamente, rigorosos métodos de produção.

Considerando que cada método tem as suas especificidades e implicações, damos-lhe a conhecer as particularidades dos três principais métodos de produção.

 

  • Champenoise (Tradicional ou Clássico)

Também conhecido como método tradicional ou clássico e atribuído ao monge beneditino Dom Pérignon, diz respeito a uma das primeiras técnicas de fermentação desenvolvidas, precisamente, em França, apenas podendo ser designado de Champenoise, quando produzido na região demarcada de champagne.

De forma a assegurar a máxima qualidade do líquido, estipulou-se que produtores da região, apenas podem extrair 2,5 mil litros de mosto, a cada 4 mil quilos de uvas.

Depois do açúcar ser transformado em álcool, pela primeira fermentação do mosto, em tanque ou barris de carvalho, o líquido é então engarrafado, acrescentando um composto de fermento e açúcar.

O contacto com as leveduras, promove a formação de gás carbónico, obrigando ao recurso a uma cápsula metálica semelhante à das garrafas de cerveja, assim como à utilização de garrafas de vidro mais espesso, de forma a resistir à elevada pressão.

Uma vez que a libertação de sedimentos é um subproduto ou pressuposto, do processo de fermentação, este método socorre-se de um processo designado de remuage que requer a rotação sistemática da garrafa, num movimento seco (1/8 ou 1/4 de volta), a fim de soltar o depósito da das paredes, conduzindo-o ao gargalo, razão pela qual são armazenadas em cave, com uma inclinação de 45/90º.

De forma a remover o depósito acumulado, congela-se o gargalo, em banho de salmoura, a uma temperatura de 25ºc negativos e retira-se a cápsula, resultando na sua expulsão, promovida pela súbita saída do gás sob pressão, operação designada de dégorgement (degorjamento).

O volume de champanhe perdido é, posteriormente, compensado pela adição de uma mistura de vinho e açúcar, chamado licor ou vinho de dosagem.

Segue-se um período estágio, em garrafa, que pode variar entre 15 meses, para vinhos não safrados, designados de Millésimées, ou superior a 3 anos, para garrafas safradas.

Já no caso dos Espumantes, o tempo de envelhecimento varia, de acordo com as preferências e opções do produtor.

Este método de produção conduz a obtenção de espumantes mais estruturados, com aromas de fermento e brioche, resultantes das leveduras do licor de tiragem.

 

Curiosidade: A adição dos licores de tiragem e de dosagem, descreve etapas muito importantes, do processo de vinificação de vinhos Espumantes.

Licor de tiragem, é administrado no início do processo, após a primeira fermentação e antes do engarrafamento, consistindo numa solução de fermento, com o intuito de promover a formação de gás carbónico, em garrafa.

Adicionado no final do processo, após a remoção do depósito, o licor dosagem, também designado de licor de expedição, consiste numa mistura de açúcar e vinho, com o intuito de regular o açúcar residual, permitindo ao enólogo obter o grau de doçura desejado.

A quantidade de açúcar presente no licor, determinará se o champanhe será Nature, Extra Bruto, Bruto, seco, meio-seco ou doce.

 

  • Charmat ou Martinotti

Também desenvolvido em França, o método Charmat é caracterizado pela adição de leveduras no decurso do processo de fermentação alcoólica, em tanques de aço inox, designados de autoclave, que asseguram a preservação do gás carbónico, sendo posteriormente, engarrafado sob pressão.

Uma vez que o contacto com as leveduras é inferior, as características da uva são melhor preservadas, manifestando-se com maior intensidade do que no método Champenoise.

Como resultado, temos vinhos com notas aromáticas que oscilam entre o frutado e o floral, dependendo da uva utilizada. Daqui resultam espumantes mais complexos e estruturados, como prossecos, extra bruto, bruto seco ou meio-seco.

 

  • Asti

Originário de Itália, na região de Piemonte, e elaborado a partir da uva moscato ou moscatel, o método Asti traz uma inovação ao processo de criação, eliminando a necessidade de uma segunda etapa de fermentação, ao interromper a fermentação das cepas, quando atingido o volume de 7-10% de álcool, o que se traduz em vinhos mais doces, frescos e aromáticos, os típicos espumantes doces.

Tal como a região de Champagne, Piemonte também adotou o método como próprio, fazendo com que apenas os vinhos produzidos nessa região possam ser apelidados de Asti.

 

Curiosidade: em Portugal, o mesmo processo é utilizado, na produção do espumante moscatel, muito utilizado em comemorações, por ser mais doce e suave.

 

Para além destes 3 métodos, existem outros processos de produção de Espumante, alguns deles mistos, que, apesar de não serem alvo de prática comum, são merecedores da nossa atenção:

 

  • Ancestral ou por fermentação espontânea

Também designado de rural, artesanal, dependendo da região, constitui o processo mais antigo, simultaneamente, o menos interventivo, consistindo na interrupção precoce da fermentação alcoólica, para que seja concluída em garrafa e assim promover a formação natural de CO2 que origina a efervescência.

Não requerendo troca de rolhas, tampas, decantação ou rotação das garrafas, é a extrema simplicidade do método que o torna apelativo.

 

  • Por transferência

Aqui, a fermentação ocorre diretamente na garrafa, não se procedendo à deposição da borra.

Concluída a fermentação, o vinho é transferido da garrafa para um tanque de filtragem, onde recebe o vinho de dosagem, sendo mantido sob pressão, com recurso a uma câmara isobárica, de forma a reter o seu gás carbónico natural, ao ser novamente transferido para a garrafa, após lavada e enxaguada.

 

  • "Dioise"

À semelhança do método Ancestral, a fermentação resulta dos açúcares e fermentos naturais da uva, contudo, após fermentação em garrafa e à semelhança do método por transferência, as mesmas são transferidas para depósito com câmara isobárica, para filtrar os fermentos e o depósito, porém, sem adição do vinho de dosagem.

 

  • Contínuo ou método russo

A fermentação é promovida pela circulação contínua do vinho, por um período nunca inferior a 24 horas, em tanques com aparas de carvalho ou outros materiais. Após concluído o processo o vinho é imediatamente engarrafado, num tanque isobárico.

 

  • Gaseificação

Talvez o método menos natural, uma vez que o gás carbónico não é obtido por fermentação, mas por meio de um "saturador" que é introduzido no vinho, sob pressão.

 

  • Marone-Cinzano

A primeira parte da fermentação é realizada segundo o método clássico e a segunda segundo o método Charmat. Um método colocado de parte, devido à qualidade significativamente inferior do produto final.

 

  • Tanque fechado

A fermentação é realizada num tanque sob pressão, procurando compensar a perda de gás carbónico, verificada no decurso do engarrafamento, injetando uma quantidade suplementar de gás, na garrafa.

 

Como se pode ver, cada método tem especificidades e propostas distintas, pelo que compreendemos que a escolha não seja fácil, mas não se preocupe, estamos aqui para o ajudar. 



Espumante ou Champagne, que vinho escolher, para dar as boas-vindas ao Novo Ano?

 

A melhor forma de saber qual a escolha ideal para a sua noite de Passagem de Ano é conhecer os aromas que mais agradam ao seu paladar, assim como ao de familiares e amigos.

No entanto, podemos deixar algumas dicas de harmonização, que o poderão ajudar a escolher o vinho ideal para a sua noite.

Por ser produzido unicamente em França, o Champagne combina muito bem com pratos da culinária típica da região.

Por outro lado, devido às suas diversas possibilidades e características, o Espumante pode ser saboreado de diferentes formas.

Por exemplo, os rótulos com acidez e leveza, são excelentes escolhas, para abrir o apetite dos seus convidados, servindo como welcome drink, já os Espumantes Brutos, combinam muito bem com pratos mais leves, como uma salada de camarão.

Para as mesas mais ousadas, sugerimos harmonizar o carpaccio com um Espumante Rosé.

 


Algumas dicas para uma noite e brindes perfeitos…


Torne-se um verdadeiro expert a servir Espumante ou Champagne com algumas dicas da nossa equipa que o vão ajudar a conseguir o brinde perfeito:

A temperatura ideal para servir estes vinhos é à volta de 8ºC, assim, basta que 30 minutos antes de servir o Espumante ou Champagne, da sua escolha, o coloque num balde com água fria e algumas pedras de gelo.

Se deixou a garrafa no frigorífico ou mesmo no congelador, saiba que, se o gargalo estiver gelado, será mais difícil retirar a rolha.

Lembre-se que as “bolinhas” são importantes, por isso, tente não espumar demais a bebida que, ao perder gás estará, simultaneamente, a perder propriedades e qualidade.

Percebemos que possa ser divertido, mas se realmente se importa, com a qualidade, não agite a garrafa.

Ao servir o vinho, a taça e a garrafa estarão a diferentes temperaturas. Então, sirva apenas cerca de dois dedos em cada taça, para regular a temperatura do copo, fazendo com que se aproxime da temperatura do vinho.

Apenas depois, complete com o líquido, até a altura desejada.

 


Conclusão:

Apesar de existirem outras diferenças, a região de produção e o método de fermentação, constituem as principais formas de distinção, entre um Espumante e um Champanhe.

Assim, apesar de os Espumantes poderem obedecer às mesmas técnicas e características que um Champagne, quando produzidos noutros pontos geográficos, que não a região demarcada de Champagne Ardenne, têm de adotar uma designação diferente.

Champagnes e Espumantes, devem ser harmonizados de forma diferente, dependendo da mesa/refeição e gostos dos seus convidados.

O brinde perfeito pode obedecer a algumas “regras”, mas não se esqueça que, o mais importante, será sempre a boa disposição e companhia daqueles que o acompanham na entrada no Novo Ano!

 


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Fontes:

Pão de Açúcar - Diferença entre Espumante, Vinho Frisante e Champagne

https://content.paodeacucar.com/vinhos/diferenca-entre-espumante-vinho-frisante-e-champagne

Baldidrinks – Afinal qual é a diferença entre Champagne e Espumante
https://baldidrinks.com/blogs/news/afinal-qual-e-a-diferenca-entre-champagne-e-espumante

Parana | Guia do Vinho e da Gastronomia - Qual a diferença entre Champagne e Espumante

https://g1.globo.com/pr/parana/especial-publicitario/porto-a-porto/guia-do-vinho-e-da-gastronomia/noticia/2020/01/13/qual-a-diferenca-entre-champanhe-e-espumante.ghtml

Conosur – Conoces la diferencia entre champagne y espumante
https://www.conosur.com/pt/news/conoces-la-diferencia-entre-champagne-y-espumante/

Vinícola Campestre – Saiba quais são as diferenças entre espumante e champagne
https://www.vinicolacampestre.com.br/blog/saiba-quais-sao-as-diferencas-entre-espumante-e-champanhe/

Enologuia – Diferença entre espumante e champagne
https://enologuia.com.br/curiosidades/167-diferenca-entre-espumante-e-champagne
Vinicola Thera – Espumantes: Você não sabe o que são licor de tiragem e licor de dosagem
https://vinicolathera.com.br/blogs/novidades/espumantes-voce-sabe-o-que-sao-licor-de-tiragem-e-licor-de-dosagem
Divivino – Métodos de produção de espumante
https://www.divvino.com.br/blog/metodos-de-producao-de-espumantes/
Bela Cepa – Asti Charmat ou Champenoise
https://belacepa.wordpress.com/2011/05/05/os-espumantes-asti-charmat-ou-champenoise/
Famíglia Valduga – Espumante Nature, Extra Brut, Brute, Seco, Demi-Sec e Doce. Quais as diferenças
https://blog.famigliavalduga.com.br/espumante-nature-extra-brut-brut-seco-demi-sec-e-doce-quais-as-diferencas/

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